PLATÃO E A ARTE DA POLÍTICA

POLÍTICA
Platão e a arte da política
Platão (428-328 a.C.) não acreditava na democracia. Para ele a política, a boa condução dos homens em sociedade era um arte que somente bem poucos dominavam. O ideal, para ele, era uma coletividade governada pelos mais sábios, visto que os pensadores eram uma espécie de sócios humanos dos deuses, os únicos a entenderem os difíceis mecanismos da boa regência de tudo.
Um mundo em regressão



“em qual dessas constituições reside a ciência do governo dos homens, a mais difícil e a maior de todas as ciências possíveis de se adquirir” 
Platão “O Político”, século IV a.C.

Imaginemos por um só instante a imensa máquina do mundo, o vastíssimo cosmo com suas galáxias e suas incontáveis estrelas, simplesmente parando. Não só parando, retrocedendo, girando ao revés. Os idosos teriam de volta seus cabelos pretos ou loiros, os barbudos se veriam imberbes, o que existe na natureza recuaria à sua forma original até que tudo desaparecesse, a vida, envolta em fumaça, se tornariam uma abstração. Terremotos devastadores e outras hecatombes arruinariam ainda mais o triste cenário de destruição até o momento em que o grande piloto universal resolvesse intervir e fazer a Terra e as coisas celestes voltar a girar como dantes.
Este mito da destruição e reconstrução do mundo fascinou Platão (e também a Marx com o mito da “crise final do capitalismo” e o surgimento do socialismo). Deu margem a que ele, no diálogo “O Político”, se lançasse a especular sobre as virtudes da ciência política. Os sobreviventes que passariam a viver nesta nova ordem restaurada, o assegurou, logo verificavam que a situação anterior, na qual os homens viviam em harmonia com os animais, e mesmo entre si, desaparecera para sempre. Se antes os bichos ainda falavam com os humanos (tempo que ficou registrado na nossa memória pelas inúmeras fábulas envolvendo animais), agora eles haviam se tornado feroz, ameaçando e cercando os homens com suas presas e suas garras, forçando-os a organizarem-se em estados ou governos para poderem sobreviver.

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